APÓS PERDER MÃE PARA O CÂNCER, BAIANA GANHA BOLSA DE ESTUDOS EM LONDRES E PROMETE TRABALHAR NA CONSTRUÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS PARA EDUCAÇÃO

 

Filha de um lavrador e moradora de Jaguarari, pequeno município do norte baiano, a advogada Geovanna Requião Costa, de 26 anos, realiza, a partir desta quinta-feira (14), um sonho dela e da família. A baiana foi uma das 47 brasileiras selecionadas para receber uma bolsa de um programa internacional de bolsas de estudo do governo do Reino Unido.

Geovanna Costa embarca nesta quinta rumo a Londres. Financiado pelo Foreign, Commonwealth and Development Office (FCDO) e por organizações parceiras, o Chevening Scholarships é o maior programa de bolsas de estudos do Reino Unido.


As bolsas são válidas para programas de mestrado com duração de um ano em qualquer área do conhecimento e incluem as tarifas universitárias, passagens aéreas, visto e uma ajuda de custo mensal.

“Estou sem acreditar ainda. Ainda estou muito, muito descrente, assim, de tudo. Engraçado é meu pai, que diz que vou para os EUA. Ele não entende, né?”, contou a advogada baiana.

Geovanna Costa perdeu a mãe Verania Requião, vítima de câncer de mama, aos 52 anos, durante o processo seletivo para a bolsa, em novembro de 2021.

Na oportunidade, a baiana não foi escolhida, mas seguiu os conselhos da mãe e não desistiu. Voltou a tentar realizar o sonho e conseguiu o objetivo.

“Nossa, quando recebi o e-mail dizendo que passei na bolsa, me ajoelhei no chão. ‘Meu Deus do céu, obrigada a minha mãe, a gente conseguiu'”, lembrou.

Geovanna Costa diz que a mãe teve um papel importante no apoio e suporte emocional.

“Ela vivia falando que eu ia conseguir. Então foi muito triste não tê-la aqui, mas agora realizei o sonho dela”, disse, emocionada.

“Parece que minha mamãe só esperou eu me formar. Eu perdi minha mãe pro câncer. Um mês depois que eu peguei minha (carteira da) OAB, ela faleceu, em novembro de 2021”.


A baiana vai estudar desenvolvimento internacional na Universidade de Westminster. O pai de Geovanna, Gilson Ferreira, de 70 anos, não consegue esconder o orgulho, mesmo sem compreender exatamente o feito da filha.

“Ele não entende direito, mas está em uma alegria que avemaria, não sei nem dizer. Eu tentei explicar para ele, mas não entende direito. Mesmo assim, fala para todo mundo”, contou Geovanna.

Seu Gilson, como é conhecido, tem se empenhado espalhar a novidade e exaltar a cria. Até na rádio da cidade, o lavrador já foi contar a novidade.A baiana conheceu o programa Chevening Scholarships em 2018 e colocou como meta na vida, conquistar a bolsa de estudos. Na época, ela não tinha formação acadêmica.

“Venho de uma família muito humilde, então não acreditei muito que conseguiria. Ainda assim, Deus colocou esse sonho no meu coração e eu pensei em tentar”, contou.

O primeiro passo para participar da seleção foi se formar. Geovanna encontrou a primeira barreira, já que a cidade em que mora não tinha faculdades. Apesar do obstáculo, a baiana encontrou alternativas.

“Viajava todos os dias, 100 km de ida e 100 km de volta para Petrolina, em Pernambuco, para poder me formar em Direito. Eram quase 5 horas de viajem por dia”, relatou a advogada.

Como estudava à noite, a advogada estagiava na Defensoria Pública da Bahia (DPE-BA), em Senhor do Bonfim, outro município que fica no norte do estado. “Tinha dias que não almoçava para não me atrasar para a aula”.

Após realizar o sonho de estudar fora, Geovanna Costa pensa em devolver o conhecimento que vai adquirir para a cidade Jaguarari.

“Eu quero trazer o melhor para cá, voltar quando terminar o meu mestrado e quero trabalhar, fazer políticas públicas de qualidade. Sofri muito para ter acesso à educação, não foi uma questão de meritocracia”, afirmou a baiana.

Geovanna Costa contou ainda que acredita que não conseguiu a bolsa apenas porque se esforçou, mas porque teve oportunidades.

A baiana também falou que, enquanto cursava direito, contou com auxílio financeiro de professores, da mãe e das irmãs.

“Tive professores que pagaram minha passagem nos dias que eu não tinha dinheiro, amigos que me receberam para almoçar, pessoas que me deram livros. Vendi bolo de pote na faculdade, blusinhas, bolsa… Vendi meio mundo de coisa e o sonho estava lá forte”, disse

Geovanna Costa diz que pretende participar do desenvolvimento de projetos na área da educação. “Eu quero que as pessoas tenham conhecimento dos seus direitos”.

Programa Chevening Scholarships

Cerca de 1.500 estudantes de mais de 160 países são selecionados por ano. No Brasil, cerca de 50 pessoas são selecionadas anualmente.

O intuito do programa é selecionar indivíduos que demonstram potencial para inspirar, informar e influenciar mudanças positivas no seu país de origem.

Entre as condições para concorrer, o candidato deve conseguir se comunicar em inglês, ter um diploma de graduação e no mínimo dois anos de experiência profissional, incluindo trabalhos voluntários.

Ao aplicar a inscrição, deve conter evidências claras de habilidades como liderança e networking, ter um plano de carreira em mente, demonstrar como os estudos de mestrado vão apoiá-lo na realização deste plano e como pretender aprofundar as relações entre Reino Unido e Brasil.

Na aplicação ao programa, também deve constar a universidade britânica e o curso de preferência.

Após concluir o período de estudos no Reino Unido, os alunos devem voltar para o Brasil por um período mínimo de dois anos. A comunidade internacional de ex-bolsistas Chevening já ultrapassa 50.000 pessoas. As inscrições para as bolsas de estudo de 2024/25 foram abertas em agosto de 2023.

Fonte: G1.Globo.com





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