O CRISTAL, UM JORNAL E UMA HISTÓRIA DE VIDA! RELEMBRE NOSSA TRAJETÓRIA .
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Mimeógrafo à Álcool- FOTO ORIGINAL |
Três jovens com muitas ideias e cheios de sonhos, reúnem-se e decidem criar um jornal visando informar a população de Ipupiara, uma pequena cidade do alto sertão da Bahia, matérias em diversas áreas, aonde naquela época as notícias que chegavam eram através da rádio nacional de Brasília e pelos canais de televisão retransmitidos por antena parabólica dos estados do sudeste do país. Isto ocorreu em meados de 1986, passados 32 anos, voltamos a nos encontrar no dia 07/01/18, pense numa emoção, num momento mágico e de muitas alegrias.
Ascir, Eu e Neurim com um exemplar do Jornal o Cristal de dezembro de 1986. Imaginem que naquela época não existiam os recursos tecnológicos que hoje fazemos usos. Tivemos que providenciar uma máquina de escrever, um mimeógrafo a álcool (vão ao Google para os que têm menos de 30 anos), e muita criatividade para produzir semanalmente o informativo Ipupiarense. A primeira coisa que sentamos para discutir foi o nome para o jornal, conversa vai e conversa vem, surgiu a sugestão de “O CRISTAL”, que segundo Ascir foi minha a ideia, mas acho que foi nossa.
Mimeógrafo (do grego mimeo: imitar, copiar + grafia: escrita) é um instrumento utilizado para fazer cópias de papel escrito em grande escala e utiliza na reprodução um tipo de papel chamado estêncil. Foi um dos primeiros sistemas de cópias em série utilizados no ensino. Consulta feita no Wikipédia. O mimeógrafo é uma máquina que requer, para além da mão-de-obra, materiais para a geração de cópias a partir de uma matriz, como por exemplo: impressora matricial, papel sulfite ou de outro tipo, mesa de apoio, estêncil, scanner do texto e molha dedo.
Mimeógrafo à álcool - FOTO ORIGINAL |
A máquina de escrever, também chamada de máquina datilográfica ou máquina de datilografia é um instrumento mecânico, electromecânico ou eletrônico ou também conhecida como máquina de escrever manual, elétrica ou eletrônica que tem por função imprimir no papel caracteres para a composição da escrita. O método pelo qual uma máquina de escrever deixa a impressão no papel varia de acordo com o tipo de máquina, porém a escrita é feita através do impacto do caractere em uma fita de tinta que é impressa no papel, seria algo como um carimbo da letra que após acionada gerará um impacto sobre a tinta permitindo que o caractere seja impresso no papel.
O profissional especialista em digitar textos na máquina de escrever é chamado de datilógrafo e o técnico responsável pelo conserto e manutanção deste equipamento é o maquinógrafo.
No século XX após a invenção do computar e da impressora a máquina de escrever foi perdendo espaço para esta nova forma de digitar e imprimir documentos. Consulta feita no Google.
Máquina de escrever – Foto do Google
Criado o jornal, nome definido, os equipamentos adquiridos (máquina de escrever, mimeógrafo, papel estêncil, papel ofício, álcool e muitas ideias na cabeça), partimos para a fase mais difícil, a edição. Vale aqui salientar as dificuldades financeiras, saímos em busca de patrocínios pelo comércio da cidade, e não podemos deixar de lembrar do nosso amigo Sinhozão ( Tive o prazer de conviver com Sinhozão, um homem do bem).
Estou lendo o livro de Arides Leite sobre a história de Ipupiara, que foi me oferecido por Ascir, pense numa leitura fascinante, estou viajando no tempo, parabéns Arides, pela qualidade das informações e dos textos. Observei que em 2017 foi o centenário do nascimento de Arlindo Alves de Almeida (Sinhozão), nascido em 04 de maio de 1917. Sinhozão, comovido com os nossos apelos, de imediato deu apoio as nossas ideias e doou o mimeógrafo. Fui informado que esse mimeógrafo ainda está funcionando.
Tudo pronto, patrocínios de algumas casas comercias, colaboradores já acertados, agora era editar e rodar o primeiro número de O CRISTAL. Foi um sucesso total, esgotou em poucas horas a primeira edição, tivemos que rodar mais exemplares para atender a todos os pedidos. Pronto, Ipupiara nunca mais foi à mesma após a circulação do “jornalzinho”. Geraram polêmicas, discussões, críticas, ameaças, elogios e até mesmo homenagens.
Hoje, passados exatos 36 anos da sua fundação, ficamos gratificados, pois O CRISTAL, ainda sobrevive em forma de um blog.
Aproveito para agradecer a forma carinhosa que eu e minha família fomos recepcionados pelos amigos de Ipupiara, amizades verdadeiras, sinceras. Isto reforça o conceito de cidade hospitaleira.
Gostaria de relatar o meu encanto pelo desenvolvimento e crescimento da cidade. A cidade está bonita, reestruturada, com um comércio pujante, prédios bem arquitetados, praças e jardins, hospital, clínicas, escolas, agências bancárias, restaurantes, hotéis, fábricas, farmácias, supermercados. O que não mudou mesmo foi o seu povo. Povo hospitaleiro tem o prazer em receber bem as pessoas, lugar bom de fazer boas amizades.
Quando fui designado para trabalhar no escritório da Emater-Ba (Empresa Brasileira de Assistência Técnica e Extensão Rural) no município de Ipupiara, que ficava a 540 km de Cruz das Almas minha cidade natal, era um jovem de 23 anos, recém-formado em Engenharia Agronômica, foi realmente um grande desafio em minha vida. Não tinha a mínima ideia onde ficava e nem como era a cidade. Cheguei a Ipupiara com o intuito de passar o máximo de informações aos produtores rurais, visando sua melhoria na qualidade de vida, aumentando suas receitas e principalmente diversificando suas alternativas de cultivos e criações.
Parece-me, que após tanto tempo uma semente foi plantada literalmente lá atrás, pois, até uma variedade de feijão, que fiz distribuição para os produtores, ainda hoje é cultivada, e o que é mais interessante, colocaram o meu nome, FEIJÃO ZÉ RENATO.
Um fato me deixou muito gratificado, foi o anuncio que será apreciado pela câmara municipal um titulo de cidadão Ipupiarense. Nossa que orgulho!
O CRISTAL, já faz parte da história cidade e em breve será criado um memorial, onde serão resgatados os equipamentos, exemplares, relatos e fatos do importante informativo.
Um abraço a todos!
*José Renato Oliveira Mascarenhas, Eng. Agrº, formado pela UFBA, especialista em Agricultura Tropical – UFRPB, Mestre em Economia Rural – UFBA, Doutorando em Ciências Agrárias – UFRB, professor do Instituto Federal Baiano e Diretor Geral do campus Alagoinhas. E com muito orgulho trabalhei em Ipupiara de 1985 a 1987 na EMATER-BA.
REDAÇÃO: José Renato Mascarenhas