PREFEITO DA SEMANA: ASCIR LEITE, DÉCIMA PRIMEIRA ELEIÇAO, 01 DE OUTUBRO DE 2000
DECIMA PRIMEIRA ELEIÇAO 01 DE OUTUBRO DE 2000
Nesta serie vamos contar a história do décimo primeiro prefeito eleito de Ipupiara através do voto popular desde a emancipação em
1958. A cada episódio, em ordem cronológica, vocês acompanham histórias sobre a
vida e a atuação política de cada um deles, que evidenciam como suas políticas
e ações contribuíram para a construção da cidade. Rumo às urnas, quando o
último prefeito for lembrado, estaremos às vésperas de escolher um novo chefe
do executivo para comandar o município por mais quatro anos. A inspiração para esta
série foi uma reportagem do Bahia Noticias prefeito da Semana, que
recuperou a história dos líderes do município de Salvador.
Só mesmo um
mergulho na história para entender as raízes dos problemas de uma cidade como
Ipupiara, com mais de 60 anos de existência. Decimo primeiro episódio, o
Prefeito da Semana fizemos uma busca no livro IPUPIARA E IBIPETUM, historias de
lutas na chapada Diamantina, de autoria de Arides Leite Santos, para
conhecer como se formaram as estruturas políticas, económicas e sociais do Município
Ipupiarense.
PREFEITO DA SEMANA: ASCIR LEITE, DÉCIMA PRIMEIRA
ELEIÇAO, 01 DE OUTUBRO DE 2000
Dois candidatos disputaram o pleito: José
Luciano Novais (Zequinha), pleiteando a reeleição pelo PFL, apoiado pelo ex-prefeito
Getúlio Ribeiro Barreto, candidato a vice em sua chapa, e Ascir Leite Santos,
filho de Emiliano Santos Cunha, pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), apoiado
pela oposição, notadamente Arlindo Alves de Almeida (Sinhozão), Osvaldo Leite
da Silva, Gildásio Martins Sodré, Francisco Leite da Silva (Tico), vice-prefeito
Gesi Durães, vereador Francisco Martins (Chico de Godinha), vereador Edemir
Gomes (filho do ex-prefeito Artur Gomes), Irineu Gomes e muitos outros líderes.
A eleição ocorreu em 5 de outubro de 2000.
Ascir Leite, dep. Robério Nunes, Osvaldo Leite
Foi
uma das mais disputadas em toda a história de Ipupiara. O prefeito-candidato José
Luciano tinha “a chave do cofre” em suas mãos. Era a primeira vez que os
prefeitos poderiam se candidatar à reeleição. A lei de responsabilidade fiscal
- Lei Complementar nº 101, de 4/5/2000 – já estava em vigor, mas ainda era
apenas “coisa pra inglês ver”. Ipupiara não é sede de Comarca, campanha
eleitoral se faz longe, muito longe das autoridades judiciais responsáveis por
conduzir o processo. Longe, muito longe da vigilância crítica exercida pela mídia.
Da mídia que ousa denunciar falcatruas perpetradas costumeiramente pelos
poderosos de plantão. No caso desta eleição, o delegado de polícia atuante na
cidade havia sido indicado ao governador pelo prefeito candidato à reeleição. Sob
tais condições, Zequinha imaginava que não haveria adversário capaz de ameaçar
seu ambicioso projeto de continuar à frente do Executivo municipal. As
realizações de sua gestão, comparadas com as de seu antecessor, eram avaliadas
positivamente, nem tanto por suas próprias qualidades, mas, pela notória
deficiência da gestão anterior, o que certamente se traduziria em votos para a
sua reeleição. No auge da campanha eleitoral, houve retaliação a
funcionários-eleitores que manifestavam intenção de votar no adversário do
prefeito-candidato. Fornecedores da prefeitura que pareciam seguir o mesmo caminho
foram boicotados. Pessoas simples, pelo mesmo motivo, foram vítimas de abuso de
autoridade cometido pelo delegado de polícia em agrado ao prefeito-candidato.
De
outro lado, o candidato Ascir Leite Santos, que até então não havia disputado
uma eleição, recebeu fortíssimo apoio de líderes da sede, de Ibipetum e
praticamente de todos os povoados. Também recebeu um maciço apoio popular,
especialmente da juventude, gente que vibrava com a esperança de viver um novo
tempo. Parecia haver um clamor por mudanças ecoando pelos quatro cantos do
município.
À medida que se aproximava o dia primeiro de outubro, os ânimos dos eleitores de cada lado iam ficando mais exaltados. Os comícios arrebanhavam multidões. Grandes carreatas saíam pelas ruas de Ipupiara, Ibipetum e alguns povoados. Simpatizantes de cada lado faziam de tudo para levar o máximo de carros. Essa estratégia era usada como demonstração de força para atrair “os lodonhados”, quer dizer, aqueles que votam no lado que lhes pareça mais forte.
5
de outubro: dia de encarar pela primeira vez a urna eletrônica. As pessoas
estão eufóricas para o encontro com a máquina e o exercício de cidadania. Um
clima de ansiedade tomou conta das pessoas. A eleição é disputada voto a voto. Um
eleitor que mude de lado tem peso duplo: um a menos no lado que o perde e, ao
mesmo tempo, um a mais no lado que o ganha. A incerteza perdurara até aquele
grandioso dia. Eleitores afoitos fizeram apostas: arriscaram o melhor que possuíam,
até a própria casa de moradia.
Ascir
Leite Santos recebeu 2.947 votos contra 2.397 de José Luciano Novais, vencendo,
portanto, com 550 de frente.
Uma
curiosidade entre as eleições de 1982 e 2000. Naquela, Emiliano Santos Cunha
perdeu de José Luciano Novais e Getúlio Ribeiro Barreto. Nesta, aconteceu quase
o inverso: seu filho Ascir venceu os dois juntos na mesma chapa.
Filho
de Emiliano Santos Cunha e Aurelice Leite Santos, Ascir Leite Santos nasceu em
2 de julho de 1968 em Ipupiara. Empreendedor nato, formou-se em Administração
de Empresas. Começou a trabalhar cedo, no comércio de cereais. Depois mudou de
ramo. A partir de uma pequena loja de móveis e eletrodomésticos, inaugurada em
julho de 1997 em Ipupiara, construiu o bem-sucedido grupo “Lojas 2000”: uma
rede de lojas que hoje está presente em várias cidades da Bahia.
Seu
mandato foi de quatro anos: 1º de janeiro de 2001 a 31 de dezembro de 2004.