MORTE DE CARLOS LAMARCA COMPLETA 52 ANOS NESTE DOMINGO

Monumento em homenagem a Carlos Lamarca e Zequinha Barreto em Pintada/ Ipupiara (BA) – Jonathan Martins/Divulgação


  Hoje, 17 de setembro de 2023, marca o 52º aniversário da morte de Carlos Lamarca (1937-1971), um ex-capitão do Exército brasileiro que se tornou um dos principais líderes da luta armada contra a ditadura militar que governava o país desde 1964. Lamarca foi assassinado com sete tiros por agentes da repressão na comunidade de Pintada, no interior da Bahia, após uma intensa perseguição que durou meses.

Mas quem foi Carlos Lamarca e por que ele se rebelou contra o regime que ele mesmo serviu? Neste post, vamos contar um pouco da trajetória desse homem que deixou sua marca na história do Brasil como um dos mais combativos e corajosos guerrilheiros da esquerda revolucionária.

Lamarca nasceu no Morro de São Carlos, no Estácio, no Rio de Janeiro, em 27 de outubro de 1937. Filho de um operário e uma dona de casa, teve uma infância pobre e difícil. Aos 17 anos, decidiu seguir a carreira militar e ingressou na Escola Preparatória de Cadetes, em Porto Alegre. Em 1957, já cursava a Academia Militar de Agulhas Negras, em Resende, no Rio de Janeiro, onde se destacou como um dos melhores alunos da sua turma.

Foi na academia que Lamarca teve seus primeiros contatos com as ideias comunistas, através da leitura de obras como O Capital, de Karl Marx, e A Revolução dos Bichos, de George Orwell. Influenciado pelo clima político e social da época, que vivia o auge do nacionalismo e do desenvolvimentismo do governo de Juscelino Kubitschek, Lamarca se identificou com os ideais de justiça social e soberania nacional defendidos pelo Partido Comunista Brasileiro (PCB).

Em 1961, já como tenente, Lamarca foi transferido para São Paulo, onde passou a integrar o Movimento Nacionalista Revolucionário (MNR), uma organização clandestina ligada ao PCB que tinha como objetivo preparar os militares para uma futura revolução socialista no Brasil. Nesse período, Lamarca se casou com Marina Célia Daltro, com quem teve dois filhos: Clara e César.

Em 1964, após o golpe militar que depôs o presidente João Goulart e instaurou uma ditadura no país, Lamarca se opôs ao regime e passou a atuar na resistência democrática. Em 1968, após o endurecimento do regime com a edição do Ato Institucional nº 5 (AI-5), que suspendeu as garantias constitucionais e ampliou os poderes dos militares, Lamarca tomou uma decisão radical: desertar do Exército e ingressar na luta armada.

No dia 24 de janeiro de 1969, Lamarca roubou 63 fuzis FAL, algumas metralhadoras, uma pistola 45 e farta munição do quartel onde trabalhava em Osasco e entregou as armas para a Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), uma organização guerrilheira de orientação marxista-leninista que tinha como objetivo derrubar a ditadura pela via insurrecional.

A partir daí, Lamarca passou a viver na clandestinidade e a participar de diversas ações armadas contra o regime, como assaltos a bancos, sequestros de diplomatas estrangeiros e ataques a quartéis. Em 1970, assumiu a direção nacional da VPR e passou a ser considerado um dos inimigos número um da ditadura, tendo sua cabeça colocada a prêmio por um milhão de cruzeiros.

Com o cerco contra os revolucionários se fechando cada vez mais, Lamarca decidiu partir para o interior do país, onde esperava organizar focos de guerrilha rural inspirados na experiência cubana. Em junho de 1971, chegou à Bahia, onde se instalou na comunidade de Pintada, junto com seu companheiro José Campos Barreto, o Zequinha.

Menos de três meses depois, no dia 17 de setembro, Lamarca e Zequinha foram localizados e cercados por uma tropa do Exército comandada pelo major Nilton Cerqueira e pelo cabo Dalmar Caribé. Sem chance de defesa, os dois guerrilheiros foram alvejados e mortos a sangue frio. Seus corpos foram levados para Salvador, onde foram submetidos a uma autópsia fraudulenta que tentou ocultar as marcas da execução.

Lamarca foi enterrado como indigente no cemitério de Quinta dos Lázaros, sem a presença de familiares ou amigos. Somente em 1980, após uma longa batalha judicial, seus restos mortais foram exumados e trasladados para o Rio de Janeiro, onde receberam uma homenagem pública de milhares de pessoas que reconheciam sua luta pela liberdade e pela democracia.

Hoje, 51 anos após sua morte, Carlos Lamarca continua sendo um símbolo da resistência à ditadura e um exemplo de coragem e coerência para as novas gerações. Sua história é parte da memória coletiva do povo brasileiro, que não pode esquecer nem perdoar os crimes cometidos pelo regime militar. 




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Diamantina FM

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