Origem do distrito de Vila de Ibipetum

A origem de Ibipetum foi no povoado de Gameleira, quando o território pertencia a Caiam Bola, primeiro nome de Brotas, mais tarde ficou conhecida como Macaúbas, esse nome foi originário do fruto da macaba, e, em 1847, foi elevado à freguesia com a denominação de Vila Agrícola de Nossa Senhora de Brotas de Macaúbas. Antes, em 1751, Manoel de Saldanha da Gama e sua mulher Joana da Silva Guedes de Brito, herdeira desses sertões – doaram ao capitão-mor Romão Gramacho Falcão os terrenos intermediários aos rios Paramirim e Jacaré (APEB, SJ/15/91, f. 27 v),[1] que envolvem, atualmente, vários municípios, desde Brotas de Macaúbas a Irecê.
Após a doação das terras da Chapada Diamantina, Romão Gramacho começou o povoamento da região sempre em busca de ouro e diamantes. Em 1755 ergue a igreja de São Miguel das Figuras padroeiro dos garimpeiros em Gameleira (Ibipetum). Funda os povoados de Oliveira dos Brejinhos e Caiam Bola que posteriormente ficou conhecido como Brotas de Macaúbas. Foi ali que em 1792 Romão Gramacho descobre os primeiros diamantes da província da Bahia. Essa região ficaria conhecida como Chapada Velha.
De acordo com nossos antepassados, a civilização iniciou com a chegada de garimpeiros em busca de pedras preciosas, eles se estabeleceram em pequenas propriedades de terras, cultivando a agricultura e explorando os garimpos, desde sua origem, a extração de cristais e pedras preciosas foi e ainda é a cobiça dos garimpeiros, que exploram em suas serras até hoje. O lugar escolhido foi em torno de uma nascente d’água conhecida como Fonte, de onde escorria pelo córrego abaixo até desaguar na lagoa conhecida como Lagoa Aguada. Havia também em abundância as árvores da Gameleira, e a localidade recebeu o nome de Gameleira. Era nas sombras frondosas das Gameleiras que os tropeiros amarravam os seus animais, comercializavam seus produtos, adquiriam produtos da localidade, e descansavam para prosseguir suas andanças e por vezes pernoitavam, para seguir viagem no dia seguinte.
O lugar cresceu, formando as primeiras ruas, Rua do Alto, onde o Sr. Joaquim Francisco da Silva (Quinca Rico) construiu sua residência e ao lado a Capela do Menino Deus, no ano 1888, e surgiram outras residências; a Rua Grande (conhecida como Rua da Matriz), atual Avenida Antônio Francisco dos Santos, onde foi construído um barracão e funcionava a feira livre, mais tarde foram construídas as residências de Antônio Francisco dos Santos, Aristides Pereira de Novais, Aristides Francisco da Silva, André Martins de Andrade, Francisco Silva, Honorato Francisco Silva, Luciano Pereira de Novais, Manoel Martins de Andrade (Manelim), Miguel Martins dos Santos (Miguelzinho) e Noé Ribeiro da Silva, grandes casarões em estilo barroco-colonial, com amplas salas e varandas, portas e janelas altas, fachadas trabalhadas, alguma destas residências tinha em anexo, lojas de tecido, cereais secos e molhados, bares, etc.
Com o passar do tempo, surgiram outras ruas, como a Rua 13 de Maio, esse nome foi análoga a lei áurea assinada em 13 de Maio de 1888, devido a existência de uma Subdelegacia no local, onde os presos eram amarrados com bolas pesadas de ferro nos pés, coisa do tempo da escravidão, foram Subdelegados voluntários, o Sr. Aristides Francisco da Silva, o Sr. Felisberto Francisco da Silva e o Sr. Waldomiro Pereira do Vale; a Rua do Bate-Bico, atual Rua 7 de Setembro; a Rua do Limão, atual Rua Dr. Manoel Novaes, esse nome em homenagem ao Deputado Manoel Cavalcanti Novaes, devido aos seus inflamados discursos para seus possíveis eleitores, na calçada de Miguel Martins dos Santos (Miguelzinho); a Rua Nova, atual Rua Júlio Martins dos Santos; a Rua do Carro Velho, atual Rua Adão Pereira de Novais; a Travessa da Fábrica, onde havia a Fábrica de Fumo Capelão, atual Rua José de Oliveira, essa homenagem devido ele ser um senhor conhecido, foi professor e barbeiro, ele loteou o seu cercado existente nesta rua; a Travessa do Mercado, atual Rua Antônio Joaquim da Silva; a Rua Caminho do Cruzeiro atual Avenida Divaldo Silva e outras.
O comércio se aglomerou no entorno do Mercado Municipal, construído na gestão do Prefeito Gaudêncio Oliveira, em 1952, quando Ibipetum pertencia ao município de Brotas de Macaúbas, na junção do Largo do Mercado, Rua Júlio Martins dos Santos, e Rua 13 de Maio, local onde funciona uma feira livre aos domingos.
A Capela do Menino Deus foi construída ao lado da casa do Sr. Joaquim Francisco da Silva, date de 1888, mais tarde foi demolida e reconstruída, transferindo-a para o centro da Rua do Alto, onde passou por uma reforma em 2003, com doações da comunidade. A Prefeitura Municipal construiu a Praça da Paz e foi erigida a estátua réplica do Cristo Redentor e na rua foi construída residências no centro dividindo em duas ruas, a Rua Alto Alegre e Rua Vista Alegre.
Em 1930, foi erigida e inaugurada em 13/06/1930 a Igreja Santo Antônio, padroeiro da vila e do distrito, passou pela 1° reforma em 31/10/1999, feita manutenção interna, preservando as faixadas da frente, das laterais e o couro. E em 01/08/2008 teve outra manutenção. Localizada na área Central da Avenida Antônio Francisco dos Santos.
A presença indígena cuja tribo se desconhece, é marcada por pinturas rupestres em pedras encontrada em toda região, como as encontradas na localidade de Pintada, local onde o Capitão Carlos Lamarca e José Campos Barretos (Zequinha) foram mortos pelo Exército, no regime militar.
Conforme o Decreto-lei Municipal Nº 63, de 5 de Julho de 1938, dentre os distritos mencionados, consta Gameleira como distrito do município de Brotas de Macaúbas, veja o texto da lei: “Orçamento da Prefeitura de Brotas de Macaúbas, para o exercício de 1939” (Decreto-lei 63, de 5 de julho de 1938), impresso na "Livraria Catilina", de Romualdo Santos - Livreiro Editor - Rua Portugal, 20, Salvador, Bahia [2], onde se lê: Prefeito Municipal - Nestor Rodrigues Coelho. Secretário Municipal - Adão Francisco Martins, o Município de Brotas de Macaúbas, era formado dos seguintes Distritos: Jordão de Brotas (Ipupiara), Gameleira (Ibipetum), Ouricuri, Araci, Pé do Morro, Mata de Dentro, Brejo do Buriti, Barra do Mendes, São Francisco(Saudável), Paranamirim, Mucambo, Sitio do Coqueiro e Morpará.
O Distrito foi criado oficialmente pela Lei Ordinária Nº 628 de 30 de dezembro de 1953, publicada no D.O.E. em 1º de janeiro de 1954, assinado pelo governador Luís Régis Pacheco Pereira, conforme a lei, criou-se o distrito e anexou ao município de Brotas de Macaúbas, com sede no povoado de Gameleira, alterando seu nome para Ibipetum, com foro de vila., seu topônimo é originado da língua tupi-guarani, o que significa "Terra do Fumo", (Ibi = terra e petum = tabaco / fumo), devido a produção de fumo.
O Cartório de Registro Civil de Pessoas Naturais de Ibipetum e o Juizado de Paz, foram instalados em 20 de junho de 1954, tendo como Juiz de Paz o Sr. João Machado Neto e escrevente o Sr. Honorato Silva Filho, onde foi celebrado o 1º Casamento e lavrado no livro número 1, os nubentes foram: Sr. Ananias Martins dos Santos e Sra. Laudízia Muniz dos Santos.
Em 1956 foi inaugurado o serviço de energia elétrica municipal da Vila de Ibipetum, movida a motor diesel, os postes eram de madeiras e controlada pela Prefeitura de Brotas de Macaúbas. De acordo com a Revista Brasileira de Municípios nº 35/35 - Ano IX - Julho/Dezembro 1956.
Ibipetum recebeu o serviço postal em 1959, quando foi instalada a Agência de Correios e Telégrafos, a primeira funcionária foi Onília Pereira Silva. A agência era equipada com o telegrafo, conectada com a linha telegráfica ligando a região de Barra do Rio Grande, Morpará, Brotas de Macaúbas, Ibipetum, Ipupiara e Barra do Mendes.
O Distrito é composto pela sede distrital, Ibipetum, com foro de vila, e os Povoados, alguns com maior aglomeração, como Pé de Serra, Pintada, Poço Cavalo, Poço de Areia, Riacho das Telhas e Sodrelândia.
Em 9 de agosto de 1958, através da Lei Ordinária Nº 1.015, publicada no D.O.E em 10 de agosto de 1958, no governo de Antônio Balbino de Carvalho Filho, os distritos de Ipupiara e Ibipetum foram desmembrados de Brotas de Macaúbas e formou um novo município com sede no distrito de Ipupiara.
Os nativos de Ibipetum são chamados de ibipetuense.
Texto pesquisado e escrito por: José Luciano Martins dos Santos
Fontes: Depoimentos do Sr. Almerindo Nunes de Freitas, Sr. João Machado Neto, Sr. Antonio Delfino do Nascimento, Sr. Antonio Martins dos Santos e Sra. Vitalina Martins dos Santos[3]