POLÍTICA: LULA É CONDENADO NA LAVA JATO NO CASO TRIPLEX
http://www.ocristal.com.br/2017/07/politica-lula-e-condenado-na-lava-jato.html
O juiz Sérgio Moro, responsável pelos processos
da Operação Lava Jato na primeira instância, condenou o ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva (PT) em uma ação penal que envolve o caso da compra e
reforma de um apartamento triplex em Guarujá, no litoral de São Paulo. Ele foi
condenado a nove anos e seis meses pelos crimes de corrupção passiva e lavagem
de dinheiro. Além de Lula, outras seis pessoas foram condenadas no mesmo
processo (veja abaixo a lista dos
condenados).
A sentença foi publicada nesta quarta-feira
(12).
Triplex no Guarujá
O que diz o MPF: A construtora OAS
destinou à família do ex-presidente Lula um triplex no Condomínio Solaris, em
frente à praia, em Guarujá. Antes de a empreiteira assumir a obra, o edifício
era comercializado pela antiga cooperativa de crédito do Sindicato dos
Bancários de São Paulo, conhecida como Bancoop, que faliu. A ex-primeira-dama
Marisa Letícia tinha uma cota do empreendimento.
O imóvel, segundo o MPF, rendeu um montante
de R$ 2,76 milhões ao ex-presidente. O valor é a diferença do que a família de
Lula já havia pagado pelo apartamento, somado a benfeitorias realizadas nele.
Parte da denúncia é sustentada com base em
visitas que Lula e Marisa Letícia fizeram ao apartamento, entre 2013 e 2014.
Segundo procuradores, a família definiu as obras a serem feitas no imóvel, como
a instalação de um elevador privativo.
O que diz a defesa: A defesa de Lula
reconhece que Marisa Letícia tinha uma cota para comprar um apartamento no
Condomínio Solaris. No entanto, diz que ela desistiu da compra quando a Bancoop
faliu e a OAS assumiu o empreendimento.
Segundo os advogados, o apartamento 164 A
está em nome da OAS, mas, desde 2010, quem detém 100% dos direitos
econômico-financeiros sobre o imóvel é um fundo gerido pela Caixa Econômica
Federal.
Sobre
as visitas de Lula e Marisa ao apartamento, a defesa alega que eles queriam
conhecer o imóvel e planejar uma possível compra. Afirmam, porém, que, mesmo
com as benfeitorias realizadas pela construtora, a compra não foi realizada.
Armazenamento de bens
O que diz o MPF: A OAS pagou R$
1.313.747,24 para a empresa Granero guardar itens que Lula recebeu durante o
exercício da presidência, entre 2002 e 2010. O pedido foi feito pelo presidente
do Instituto Lula, Paulo Okamotto, e pelo próprio ex-presidente da República.
O que diz a defesa: Os itens sob a guarda
da Granero não eram bens de uso pessoal do ex-presidente, mas faziam parte do
acervo presidencial, que lhe foi concedido pela Secretaria-Geral da Presidência
da República, assim que ele deixou o mandato. Segundo o Instituto Lula, a maior
parte dos materiais são cartas, camisetas e peças de artesanato.
Conforme Paulo Okamotto, o ex-presidente da
OAS Léo Pinheiro se ofereceu para ajudar temporariamente o Instituto Lula a
armazenar os objetos em um espaço que a empresa já alugava na Granero. Okamotto
nega qualquer irregularidade no apoio dado pela OAS.
Nomeações na Petrobras
O que diz o MPF: Quando era
presidente, Lula usou seu poder para manter na Petrobras os ex-executivos Paulo
Roberto Costa, Pedro Barusco e Renato Duque – já condenados na Lava Jato por
atuar em favor de um cartel que fraudava contratos na Petrobras. O MPF defende
que a manutenção deles nos cargos favoreceu o consórcio liderado pela OAS.
O que diz a defesa: Todas as nomeações para
as diretorias da Petrobras foram feitas a partir de indicações de aliados
políticos. Lula apenas assinou as ordens para que as pessoas assumissem os
respectivos cargos.
Benefícios para a OAS
O que diz o MPF: Consórcios dos quais
a OAS fazia parte conseguiram contratos para obras na Refinaria Presidente
Getúlio Vargas (Repar), em Araucária, na Região Metropolitana de Curitiba, e na
Refinaria Abreu e Lima (Rnest), em Pernambuco.
Na
Repar, antes da licitação, a Petrobras fez um orçamento para a obra e estimou
que gastaria até R$ 1,4 bilhão. No entanto, a estatal acabou fechando contrato
no valor de R$ 2,079 bilhões, quase 50% a mais do esperado. Outros dois
contratos com sobrepreço ocorreram na Rnest. Juntos, custaram cerca de R$ 4,4
bilhões.
O que diz a defesa: Lula não atuou em favor
de cartel na Petrobras, e não há evidências que suportem a denúncia. O foco de
corrupção alvo da Lava Jato está restrito a alguns agentes públicos e privados,
que atuavam de forma independente, regidos pela dinâmica de seus próprios
interesses, e alheios à Presidência da República.
Todos os réus do processo
Além de Lula, outras seis pessoas
foram envolvidas nesta ação penal. Veja abaixo as acusações contra cada réu.
•Luiz Inácio Lula da Silva, ex-presidente:
corrupção passiva e lavagem de dinheiro
•Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS:
corrupção ativa e lavagem de dinheiro
•Paulo Gordilho, arquiteto e ex-executivo
da OAS: lavagem de dinheiro
•Paulo Okamotto, presidente do Instituto
Lula: lavagem de dinheiro
•Agenor Franklin Magalhães Medeiros,
ex-executivo da OAS: corrupção ativa
•Fábio Hori Yonamine, ex-presidente da OAS
Investimentos: lavagem de dinheiro
•Roberto Moreira Ferreira, ligado à OAS:
lavagem de dinheiro
Outros processos de Lula
O ex-presidente é réu em outras duas
ações da Lava Jato, em uma ligada à Operação Janus, que trata de contratos no
BNDES, e outra relacionada à Operação Zelotes, que apura venda de medidas
provisórias.
Lula também foi denunciado no caso
envolvendo o sítio em Atibaia, no interior de São Paulo, no âmbito da Lava
Jato.
Ele é alvo ainda de dois inquéritos na Lava
Jato: um sobre a formação de organização criminosa para fraudar a Petrobras, e
outro sobre obstrução das investigações ao tomar posse como ministro de Dilma.
Na Zelotes, ele é investigado em inquérito sobre a edição da medida provisória
471, que criou o Refis.
Fonte: G1
Da Redação, 12/07/2017